Por Darci Bergmann
Algumas décadas atrás houve um movimento contra o uso da energia nuclear para a geração de eletricidade. Os acidentes radioativos contribuíram para essa tomada de posição. E havia o questionamento sobre o destino do lixo atômico, problema até hoje não resolvido, apesar da possibilidade de reprocessamento desse material. Também se argumentava que a energia poderia ser gerada a partir de outras fontes, como a eólica, hidrelétrica, fotovoltaica, biomassa, entre outras. Os defensores da energia nuclear afirmavam que os acidentes eram casos isolados. Quanto aos resíduos, não ofereceriam riscos maiores, pois acondicionados em barricas de chumbo ficariam contidos por milhares de anos.
O tempo passou e alguns sistemas de produção de energia dita mais limpa foram implantados em escala maior. No entanto, a geração de energias limpas não tem a unanimidade dos que se arvoram como ambientalistas. Sobre a energia eólica, dizem alguns que ela provoca tremendo impacto sobre a paisagem, interfere na rota migratória de aves, causa poluição sonora, entre outros problemas citados. Além disso, os ventos são irregulares, o que poderá diminuir o fornecimento por essa fonte em algumas épocas do ano. Quanto à biomassa, ela tem dois aspectos: um se refere ao aproveitamento de resíduos e o outro referente ao plantio de espécies vegetais em grande escala para a produção de biocombustíveis. Ambientalistas de renome entendem que os biocombustíveis são concorrentes diretos da produção de alimentos. Estaria aí um dilema. Um planeta cada vez mais povoado precisa de mais alimentos e de mais energia para atender aos seus padrões de consumo. Disponibilizar terras, máquinas, insumos e energia para a produção de combustíveis faz parte do agronegócio, mas não teria sustentabilidade ambiental, nem social.
Hoje parte dos combustíveis é desperdiçada nas cidades, sob várias formas, com requintes de descaso ao Planeta e às pessoas. Basta ver o que ocorre nos chamados rachas, madrugadas afora. Se assim é no comportamento, não é diferente nos planejamentos urbanos, onde as cidades crescem apenas pensadas para o automóvel e a construção civil moldada para obras consumidoras de energia. Arborização de ruas e outros espaços, para atenuar o calor, tem de ser motivo de pleitos insistentes dos quase sempre criticados ambientalistas.
A controvérsia tem o seu lado positivo. Talvez não exista uma fonte única e ideal de energia, mas um conjunto de alternativas. Particularmente, acredito muito na alternativa da energia solar sob as várias formas de aproveitamento. Mas as peculiaridades regionais devem levar em conta qualquer fonte disponível e de menor impacto ambiental.
Voltando à energia nuclear, fiquei encafifado com as digressões de James Lovelock, no livro Gaia - Alerta Final. Ele defende o uso da energia nuclear e critica a postura dos ambientalistas. O Sr. James Lovelock assevera que os cientistas americanos, em sua maioria, não perceberam o problema do aquecimento global. Agora, diante do dilema, a humanidade precisaria de líderes para fazer um movimento consistente com vistas a, pelo menos, diminuir os impactos do aquecimento global e que a energia nuclear seria uma das alternativas até menos danosas.
O pensamento do Sr. James Lovelock deve ser colocado num contexto de sobrevivência de alguns países, como o Reino Unido. Mas o uso da energia nuclear tem outras implicações que não as de simples construção de usinas e o descarte seguro dos resíduos. Num mundo cada vez mais tumultuado, com ideologias que beiram ao fanatismo mais insano, a humanidade poderá ficar sob a ameaça dos atentados às usinas atômicas. Assim, cada uma dessas usinas se transforma numa bomba atômica em potencial. Os problemas da humanidade não serão resolvidos somente pela ciência ou pelos cientistas. O conhecimento tanto pode ser usado para o bem como para o mal. A ciência é neutra e até isso é reconhecido em parte pelo Sr. Lovelock. É preciso uma ampla mobilização das pessoas, numa corrente que atinja o Planeta por inteiro, visando um novo modo de pensar e de agir. Os atuais padrões de consumo já causaram grandes estragos e levarão a uma derrocada ambiental sem precedentes. No atual momento, centenas de milhões de pessoas estão conectadas na internet, essa ferramenta espetacular que diminuiu as distâncias entre nós. Que se faça um bom uso dela. Podemos esbanjar menos, com atitudes simples e que não nos tiram o prazer de viver bem. Até para nos livrarmos do pesadelo nuclear.
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ENERGIA NUCLEAR – ALFREDO AVELINE – 1979 (C. Povo)
Físico da URGS diz que energia nuclear agravará crise energética
O físico Alfredo Aveline, professor do Instituo de física da URGS, fez na noite de ontem palestra no Instituto dos Arquitetos do Brasil abordando o tema Energia Elétrica no Brasil, quando criticou a atual política desenvolvimentista do Brasil e condenou o acordo nuclear.
Conforme Alfredo Aveline, “a energia elétrica no Brasil apresenta índices de crescimento de demanda errados e sobre eles é que foi feito o acordo nuclear”.
Para o físico segundo as estimativas oficiais, “o crescimento de consumo de energia elétrica está em torno de 10% ao ano, o que implica que a cada sete anos seja duplicado o consumo”. Desta forma Aveline demonstra que, tendo presente a demanda do ano em curso em torno de 25 mil megawatts instalados, em 1986 (daqui a sete anos) precisaremos de 50 mil megawatts; em 1993, 100 mil megawatts e no ano de 2000, 200 mil megawatts.
Segundo o professor, estas taxas não são sustentáveis mas foram as que justificaram o acordo nuclear – Aveline lembrou ainda que em apenas um ano, se fizermos uma projeção precisaremos do ano 2000 a 2001 o equivalente a implantação de 16 centrais nucleares em apenas um ano.
De 2000 a 2007, continuou o professor, necessitaremos instalar 200 mil megawatts, o que corresponde a 17 usinas iguais a Itaipu ou 160 centrais nucleares. Aveline destacou ainda que se o raciocínio for levado até o ano de 2014, precisaremos 400 mil megawatts, ou seja construir mais 34 Itaipus ou 320 usinas nucleares.
POTÊNCIAL HIDRELÉTRICO
Em sua palestra Alfredo Aveline disse ainda que, segundo dados da Eletrobrás, de 1978. O potencial hidrelétrico nacional de grandes quedas d’água é em torno de 200 mil megawatts que corresponde a 2,5 vezes a potência elétrica atualmente instalada na Alemanha, e a oito vezes o potencial hidrelétrico brasileiro explorado até o momento.Estes 200 mil megawatts, para Aveline, deveriam ser destinados aos grandes centros urbanos e regiões industriais e utilizar-se as pequenas quedas d’água (com potencial entre 20 me 100 MW) que podem alimentar pequenas cidades e comunidades rurais e que atualmente não são utilizados.
FONTES ALTERNATIVAS
Além das pequenas quedas d’água, que somam 300 mil megawatts e que não são utilizadas, Alfredo Aveline enfatizou que pode ser usada com tecnologia nacional a energia eólica (energia dos ventos) principalmente em irrigações, o álcool, através de mini-destilarias e o metano, pois todas estas alternativas, alguns anos atrás eram românticas, mas tornaram-se economicamente viáveis.
Aveline disse ainda que possuímos também grande variedade de óleos vegetais, como o óleo de dendê, óleo de babaçu e ouros que podem substituir o diesel sem sequer necessidade de ajustes nos motores e que não ocorre porque outros interesses industriais não permitem.
Já quanto a utilização do carvão, Alfredo Aveline foi mais discreto, dizendo que o mesmo deve ser utilizado para a gaseificação e que deve evitar-se o transporte do carvão, instalando-se usinas junto às minas, pois nosso carvão é muito pobre, e deixa muita cinza que pode que pode ser utilizada para entulhar as minas. Mesmo assim, enfatizou Aveline, “o carvão deve ser utilizado o mínimo possível”.
PROPOSTA
Após considerar que as projeções oficiais “levam absurdos”, Alfredo Aveline disse que o Brasil precisa definir seu patamar de crescimento, da industrialização e da população, para após isto, se trabalhar coerentemente.
Alfredo Aveline apresentou como proposta que este patamar seja limitado pelas fontes naturais de energia, aproveitando-se as grandes e pequenas quedas d’água e que se criem outras fontes alternativas derivadas principalmente das várias formas de manifestação da energia solar.
CRÍTICAS
Afirmando que as usinas nucleares apresentam uma série de aspectos negativos, que vão desde altos custos até o risco de vida, Alfredo Aveline disse que em primeiro lugar o Brasil não precisa de energia nuclear, no momento, e que não precisará por muitos anos, devido ao imenso potencial hidrelétrico ainda não explorado. A energia nuclear, segundo o físico virá a agravar a nossa crise energética, pois a construção de uma usina nuclear exige uma capitalização de 3 à 4 vezes maior do que para as usinas elétricas, resultando daí que, para cada uma usina atômica, deixaremos de construir 4 hidrelétricas, deixando de explorar o nosso grande potencial de águas.
Além disto, continuou Aveline, os investimentos em usinas nucleares são feitos na maior parte em moeda estrangeira, agravando ainda mais nossa dívida externa.
PERIGOS
O professor destacou também que os investimentos em pessoal são muito mais caros nas usinas nucleares que nas hidrelétricas e acrescentou que no custo da Usina Nuclear não está incluído o cuidado com o lixo atômico, que precisa ser guardado durante 500 mil anos.
Os custos de desativação também foram esquecidos, disse o professor, bem como onde colocar o lixo atômico. Aveline esclareceu que países europeus e os Estados Unidos reconhecem os perigos principalmente à vida, que as usinas atômicas representam, mas que seus defensores dizem que não tem outra alternativa a não ser o óleo diesel – “o que não acontece conosco” – destacou Aveline, pois exploramos apenas 12 por cento de nosso potencial de queda d’água.
FREIO ECONÔMICO
Concluindo, Alfredo declarou que os objetivos de crescimento a qualquer custo e por período indefinido têm que ser revisto e que o procedimento do governo, adotado em 1973, “quando manipulou os dados escondendo a crise energética que vivíamos”, não pode ser repetido.
O objetivo ideal para o físico seria o desenvolvimento do país em lugar do crescimento econômico a qualquer custo. Para isto pode ser usada a estratégia da descentralização pelo sol, nas suas diferentes formas de apresentação e o melhor uso da energia pelo processo de co-geração e aproveitamento de energia solar radiante para ampliações térmicas e elétricas, concluiu Alfredo Aveline.
28 de Abril de 2011 Juliana Radler
Rio de Janeiro- No dia em que o mundo relembrou os 25 anos do acidente nuclear de Chernobyl (26 de abril), especialistas em energia nuclear, políticos e ambientalistas debateram e questionaram os rumos da política energética brasileira, que prevê a construção de quatro usinas nucleares até 2030, além de Angra 3, cujas obras estão em andamento. No total, estima-se que os investimentos no segmento cheguem a R$ 50 bilhões.
No evento “De Chernobyl a Fukushima, a energia nuclear não tem futuro”, realizado na UFRJ, a ex-candidata à presidência da República, Marina Silva, afirmou que o Brasil, diferente de países que admitiram rever seus planos nucleares, como Alemanha, Suíça e Polônia, silenciou-se e minimizou os impactos da catástrofe japonesa.
“O único país que não teve uma atitude de humildade diante do que ocorreu no Japão foi o Brasil. O governo silenciou-se e teve uma atitude arrogante a ponto de algumas autoridades dizerem que houve um incidente no Japão e não um acidente. E por que essa postura? Porque temos alguns dogmas que não podem ser questionados aqui em relação à energia nuclear”, ressaltou Marina, acrescentando que “existe falta de transparência, não há acesso as informações e não temos conhecimento dos riscos que estamos correndo”.
Contaminação na Bahia?
No evento “De Chernobyl a Fukushima, a energia nuclear não tem futuro”, realizado na UFRJ, a ex-candidata à presidência da República, Marina Silva, afirmou que o Brasil, diferente de países que admitiram rever seus planos nucleares, como Alemanha, Suíça e Polônia, silenciou-se e minimizou os impactos da catástrofe japonesa.
“O único país que não teve uma atitude de humildade diante do que ocorreu no Japão foi o Brasil. O governo silenciou-se e teve uma atitude arrogante a ponto de algumas autoridades dizerem que houve um incidente no Japão e não um acidente. E por que essa postura? Porque temos alguns dogmas que não podem ser questionados aqui em relação à energia nuclear”, ressaltou Marina, acrescentando que “existe falta de transparência, não há acesso as informações e não temos conhecimento dos riscos que estamos correndo”.
Contaminação na Bahia?
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Essa aura de sigilo que envolve o setor nuclear brasileiro foi apontada também pela relatora de direitos humanos e ambientais (Dhesca Brasil), a socióloga Marijane Lisboa. Ela acaba de retornar de uma missão à mina de urânio de Caetité, na Bahia, onde há denúncias de contaminação radioativa da água em poços localizados a 20 km da área da mineração. Nessa mina, em funcionamento há 10 anos, é extraído o urânio utilizado pelas usinas de Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro.
“Descobrimos que poços de água usados pela população local estavam contaminados por radiação. E quando não há contaminação, há escassez devido ao uso intensivo de água para as atividades da mina, que inviabiliza a atividade agrícola, principal fonte de renda da população local”, revela Marijane, autora do relatório sobre Caetité, que será concluído no fim de maio e entregue às autoridades públicas. Segundo ela, a situação na Bahia é “calamitosa” em relação ao acesso à informação. “A população ouve boatos, escuta explosões, mas nunca tem acesso a informação, pois as autoridades sempre afirmam que nada ocorreu”. (O relatório sobre Caetité poderá ser acessado publicamente pelo site www.dhescbrasil.org.br)
Na região não há hospitais e nenhuma unidade especializada em oncologia. Existem relatos médicos de aumento de casos de câncer em jovens, principalmente de estômago e intestino, mas como nunca houve a preocupação com tais pesquisas, há dificuldade em comparar e comprovar historicamente os efeitos nocivos da atividade da mina de urânio na região. As pessoas que adoecem são tratadas fora e muitas vezes falecem sem comprovação da causa.
Essa falta de transparência que vem desde a extração do combustível nuclear, o urânio, origina-se no governo militar e permanece até os dias de hoje, como apontam os especialistas. Assim como em países não democráticos, como o Irã e o Paquistão, o mesmo órgão que opera e fomenta a energia nuclear é o responsável pela fiscalização das atividades do setor. Isto é, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, acumula funções de fiscalização e operação e é proprietária de 99,7% das Indústrias Nucleares do Brasil. Esse fato demonstra que o Estado brasileiro descumpre a Convenção Internacional de Segurança Nuclear, do qual é signatário, que exige a total separação entre as funções de regulação e operação das atividades nucleares.
“Essa incompatibilidade de atribuições já soma 35 anos. A primeira crítica a esse fato se deu na Sociedade Brasileira de Física em 1977 que já pedia um órgão fiscalizador independente, mas até hoje a situação permanece a mesma”, recorda Rogério Gomes, presidente da Associação dos Fiscais de Radioproteção e Segurança Nuclear.
Plebiscito
“Descobrimos que poços de água usados pela população local estavam contaminados por radiação. E quando não há contaminação, há escassez devido ao uso intensivo de água para as atividades da mina, que inviabiliza a atividade agrícola, principal fonte de renda da população local”, revela Marijane, autora do relatório sobre Caetité, que será concluído no fim de maio e entregue às autoridades públicas. Segundo ela, a situação na Bahia é “calamitosa” em relação ao acesso à informação. “A população ouve boatos, escuta explosões, mas nunca tem acesso a informação, pois as autoridades sempre afirmam que nada ocorreu”. (O relatório sobre Caetité poderá ser acessado publicamente pelo site www.dhescbrasil.org.br)
Na região não há hospitais e nenhuma unidade especializada em oncologia. Existem relatos médicos de aumento de casos de câncer em jovens, principalmente de estômago e intestino, mas como nunca houve a preocupação com tais pesquisas, há dificuldade em comparar e comprovar historicamente os efeitos nocivos da atividade da mina de urânio na região. As pessoas que adoecem são tratadas fora e muitas vezes falecem sem comprovação da causa.
Essa falta de transparência que vem desde a extração do combustível nuclear, o urânio, origina-se no governo militar e permanece até os dias de hoje, como apontam os especialistas. Assim como em países não democráticos, como o Irã e o Paquistão, o mesmo órgão que opera e fomenta a energia nuclear é o responsável pela fiscalização das atividades do setor. Isto é, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, acumula funções de fiscalização e operação e é proprietária de 99,7% das Indústrias Nucleares do Brasil. Esse fato demonstra que o Estado brasileiro descumpre a Convenção Internacional de Segurança Nuclear, do qual é signatário, que exige a total separação entre as funções de regulação e operação das atividades nucleares.
“Essa incompatibilidade de atribuições já soma 35 anos. A primeira crítica a esse fato se deu na Sociedade Brasileira de Física em 1977 que já pedia um órgão fiscalizador independente, mas até hoje a situação permanece a mesma”, recorda Rogério Gomes, presidente da Associação dos Fiscais de Radioproteção e Segurança Nuclear.
Plebiscito
Para aumentar a transparência e definir democraticamente os rumos da energia nuclear no Brasil, Marina Silva defende a realização de um plebiscito sobre o tema. “Sou favorável ao plebiscito porque acredito que ele promoverá o debate entre as diferentes posições. Assim a população brasileira poderá democraticamente decidir se quer ou não que os seus tributos sejam investidos em uma fonte de energia que é cara e insegura, ao invés de serem utilizados para outras prioridades, como as energias solar, eólica, biomassa e biocombustíveis. Vamos acreditar na nossa democracia e na maturidade do nosso povo”, conclui Marina.
Contraditoriamente, o Brasil, país com maior potencial mundial para geração de energia a partir de fontes renováveis, insiste em investir na geração nuclear, que vem sendo repensada mesmo por países mais dependentes dessa fonte, como a Alemanha. Após Fukushima, a primeira ministra alemã, Angela Merkel, que defendia a ampliação da utilização da energia nuclear, determinou o fechamento das sete usinas nucleares mais antigas e a moratória à lei de prolongamento da vida útil das usinas atuais. Ela declarou que a catástrofe do Japão tem “medidas apocalípticas” e cujas conseqüências são imprevisíveis.
“No Brasil nós temos recursos energéticos provenientes das energias de fluxo (do sol, da água e do vento) capaz de garantir o dobro do consumo per capita de energia do país. Hoje consumimos em média 2.500 kw/hora por ano per capita no país. Na Itália e na Espanha, por exemplo esse número chega a 5.000 kw/h. Se nós apropriássemos grande parte do potencial hidráulico e eólico, chegaríamos a algo como 8.000 kw/h per capita no Brasil”, informa Ildo Sauer, professor do Instituto de Eletrotécnica da USP e ex-diretor executivo da Petrobras.
Sauer, que é mestre em energia nuclear, defende inclusive a paralisação das obras de Angra 3, enfatizando que o montante ainda a ser investido na construção, equivale ao dobro do necessário caso os recursos fossem destinados a geração de energia a partir de outras fontes renováveis. “Sem falar que outras fontes não exigem o risco de operar um reator nuclear e não deixam a herança de mil toneladas de elementos combustíveis irradiados ao longo de sua vida, que é o previsto para Angra 3”, critica, acrescentando que em lugar nenhum do mundo o problema dos rejeitos radioativos foi solucionado.“A escolha brasileira pela energia nuclear não se explica por política energética, por política científica ou tecnológica. Talvez a única explicação possa ser dada pelo lobinho, pelo lobby e pelo lobão”, ironizou.
Nos próximos anos, mais reatores serão desativados do que construídos em todo o mundo, segundo Dawid Bertelt, diretor da Fundação Heinrich Boll (do Partido Verde alemão) no Brasil, que defende o fim do programa nuclear brasileiro. “Energia nuclear é a forma de energia mais política existente e a que interessa mais ao complexo industrial militar. Hoje é cada vez mais cara a construção de usinas nucleares e é praticamente impossível construir uma usina sem subsídios públicos. Mas, é totalmente possível substituir a energia nuclear por fontes mais seguras e baratas, sobretudo no Brasil”, afirmou Dawid.
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Reatores no Nordeste: o pós-Fukushima
Comissão avalia como desativar reatores nucleares
O fututo incerto da energia nuclear
Contraditoriamente, o Brasil, país com maior potencial mundial para geração de energia a partir de fontes renováveis, insiste em investir na geração nuclear, que vem sendo repensada mesmo por países mais dependentes dessa fonte, como a Alemanha. Após Fukushima, a primeira ministra alemã, Angela Merkel, que defendia a ampliação da utilização da energia nuclear, determinou o fechamento das sete usinas nucleares mais antigas e a moratória à lei de prolongamento da vida útil das usinas atuais. Ela declarou que a catástrofe do Japão tem “medidas apocalípticas” e cujas conseqüências são imprevisíveis.
“No Brasil nós temos recursos energéticos provenientes das energias de fluxo (do sol, da água e do vento) capaz de garantir o dobro do consumo per capita de energia do país. Hoje consumimos em média 2.500 kw/hora por ano per capita no país. Na Itália e na Espanha, por exemplo esse número chega a 5.000 kw/h. Se nós apropriássemos grande parte do potencial hidráulico e eólico, chegaríamos a algo como 8.000 kw/h per capita no Brasil”, informa Ildo Sauer, professor do Instituto de Eletrotécnica da USP e ex-diretor executivo da Petrobras.
Sauer, que é mestre em energia nuclear, defende inclusive a paralisação das obras de Angra 3, enfatizando que o montante ainda a ser investido na construção, equivale ao dobro do necessário caso os recursos fossem destinados a geração de energia a partir de outras fontes renováveis. “Sem falar que outras fontes não exigem o risco de operar um reator nuclear e não deixam a herança de mil toneladas de elementos combustíveis irradiados ao longo de sua vida, que é o previsto para Angra 3”, critica, acrescentando que em lugar nenhum do mundo o problema dos rejeitos radioativos foi solucionado.“A escolha brasileira pela energia nuclear não se explica por política energética, por política científica ou tecnológica. Talvez a única explicação possa ser dada pelo lobinho, pelo lobby e pelo lobão”, ironizou.
Nos próximos anos, mais reatores serão desativados do que construídos em todo o mundo, segundo Dawid Bertelt, diretor da Fundação Heinrich Boll (do Partido Verde alemão) no Brasil, que defende o fim do programa nuclear brasileiro. “Energia nuclear é a forma de energia mais política existente e a que interessa mais ao complexo industrial militar. Hoje é cada vez mais cara a construção de usinas nucleares e é praticamente impossível construir uma usina sem subsídios públicos. Mas, é totalmente possível substituir a energia nuclear por fontes mais seguras e baratas, sobretudo no Brasil”, afirmou Dawid.
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